Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida.
Assim, a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A aprendizagem da lógica não constitui um fim em si.
Ela só tem sentido enquanto meio de garantir que nosso pensamento proceda corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam.
O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Órganon. Ele divide a lógica em: formal e material.
• Lógica formal — estabelece as regras formais do pensamento, independentemente da matéria sobre a qual pensamos; se seguirmos corretamente essas regras, a conclusão se imporá automaticamente. Em outras palavras, a correção ou incorreção lógica do argumento só depende da relação entre as premissas (evidências) e a conclusão.
• Lógica material — trata da aplicação das operações do pensamento, segundo a matéria ou natureza do objeto a conhecer. Neste caso, a lógica é a própria metodologia de cada ciência. É, portanto, somente no campo da lógica material que se pode falar da verdade: o argumento é verdadeiro quando as premissas são verdadeiras e relacionam-se adequadamente à conclusão.
É sempre bom lembrar que na argumentação de um texto dissertativo este tipo de raciocínio é sempre válido. Para saber mais sobre este assunto,
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O raciocínio lógico
Raciocinar ou argumentar é o ato próprio da razão. É um tipo de operação discursiva do pensamento que consiste em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão.
O raciocínio vai de um juízo a outro, passando por vários intermediários. Nesse sentido, podemos dizer que o raciocínio é um conhecimento mediato, isto é, intermediado por vários outros, ao contrário da intuição, que é o conhecimento imediato.
Raciocinamos ou argumentamos quando colocamos juízos ou proposições que contenham evidências em uma ordem tal que necessariamente nos levam a um outro juízo, que se chama conclusão. E por juízo ou proposição entendemos a afirmação ou a negação da identidade representativa de dois conceitos ou termos. Exemplo: o cão é amigo do homem.
Quando nossos raciocínios ou argumentos são incorretos, caímos no que se chama falácia ou sofisma.
Tipos de raciocínio lógico
Podemos raciocinar ou argumentar logicamente de três modos diferentes, fazendo uso da dedução, da indução ou da analogia.
Raciocínio dedutivo
A dedução é um tipo de raciocínio que parte de uma proposição geral (referente a todos os elementos de um conjunto) e conclui outra proposição geral ou particular (referente a parte dos elementos de um conjunto), que se apresenta como necessária, ou seja, que deriva logicamente das premissas.
Exemplos:
Todo metal é dilatado pelo calor.
A prata é um metal.
Logo, a prata é dilatada pelo calor.
Todo brasileiro é sul-americano.
Todo paulista é brasileiro.
Todo paulista é sul-americano.
Aristóteles chamava o raciocínio dedutivo de silogismo e o considerava um modelo de rigor lógico. Entretanto, devemos frisar que a dedução não nos oferece conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta como um caso particular da lei geral. A dedução organiza e especifica o conhecimento que já temos, mas não é geradora de conhecimentos novos. Ela tem como ponto de partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida.
Raciocínio indutivo
A indução é o raciocínio que, após considerar um suficiente número de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte da experiência sensível, dos dados particulares.
Exemplo:
O cobre é condutor de eletricidade,
e a prata, e o ouro, e o ferro, e o zinco...
Logo, todo metal é condutor de
eletricidade.
É importante que a enumeração de dados (que correspondem a tantas experiências feitas) seja suficiente para permitir a passagem do particular para o geral. Entretanto, a indução sempre supõe a probabilidade, isto é, já que tantos se comportam de tal forma, é muito provável que todos se comportem assim.
Em função desse ''salto", há maior possibilidade de erro nos raciocínios indutivos, uma vez que basta encontrarmos uma exceção para invalidar a regra geral. Por outro lado, é esse mesmo ' 'salto'' em direção ao provável que torna possível a descoberta, a proposta de novos modos de compreender o mundo. Por isso, a indução é o tipo de raciocínio mais usado em ciências experimentais.
Outro tipo de raciocínio indutivo bastante utilizado é aquele que se desenvolve a partir do argumento de autoridade, uma vez que utilizar o testemunho de uma pessoa, instituição ou obra para sustentar uma conclusão é um modo válido de apresentar evidência. Nesse caso, a indução é justificada da seguinte forma: esta pessoa já emitiu vários juízos válidos a respeito do assunto em pauta, e podemos concluir que todos os seus juízos sobre o assunto são igualmente válidos. . Quando usamos livros, autores, enciclopédias ou especialistas para fundamentar nosso raciocínio, estamos invocando sua autoridade no assunto e, por isso, é muito importante citar nossas fontes, para que o leitor possa conferir se a ideia citada não foi deturpada.
A autoridade invocada precisa ser honesta, estar informada sobre o assunto considerado, e seu pronunciamento deve estar baseado em evidências objetivas que possam ser comprovadas por outras pessoas competentes. Nesse caso, a autoridade é digna de confiança e seu testemunho é evidência para a conclusão. O argumento será indutivamente correto.
Há, entretanto, muitos empregos incorretos desse tipo de argumento, dando lugar a falácias lógicas (contra a
lógica formal) ou a falácias de falsa premissa (contra a lógica material).
• A autoridade pode ser erroneamente citada ou interpretada. Por exemplo, quando a afirmação é retirada de seu contexto original e aplicada em outro. Ou quando é feita uma generalização indevida, isto é, algo que é correto para um grupo restrito de elementos é generalizado para toda a espécie.
Neste caso, temos a falácia de falsa premissa.
• A autoridade é popular mas não tem competência para opinar sobre o assunto. Neste caso, o apelo utilizado é meramente emocional, uma vez que nenhuma evidência lógica é oferecida. Transfere-se o prestígio da autoridade para a conclusão. É um tipo de argumento incorreto frequentemente usado em propaganda.
• A autoridade, reconhecida por sua contribuição em um determinado campo, opina sobre assuntos que não estão dentro de sua área de competência e, portanto, seu testemunho não é confiável. Tanto o anterior quanto este são exemplos de falácia lógica.
Assim, é preciso que tomemos grande cuidado ao sustentar nossas conclusões sobre o argumento de autoridade, pois a confiabilidade de nossa indução dependerá, em grande parte, da confiabilidade da autoridade utilizada.