sexta-feira, 12 de maio de 2017

Raciocínio analógico na redação dissertativa

A analogia é o raciocínio que se desenvolve a partir da semelhança entre casos particulares. Através dele não se chega a uma conclusão geral, mas só a outra proposição particular. Na nossa vida prática, agimos muitas vezes por analogia: minissaia fica bem na Xuxa, logo fica bem em mim; tal remédio fez bem para meu amigo, portanto fará bem para mim; fulana emagreceu com o regime da lua, logo eu também emagrecerei; e assim por diante. Fazemos muitas coisas que os outros fazem, com a esperança de obter os mesmos resultados.

As analogias podem ser fortes ou fracas, dependendo das semelhanças entre os dois tipos de objetos comparados. Quando a semelhança entre os objetos se manifesta em áreas relevantes para o argumento, a analogia tem mais força do que quando os objetos apresentam semelhanças não-relevantes para a conclusão. Por exemplo, o fato de ter olhos azuis (semelhança com a Xuxa) não justifica que a minissaia fique bem em alguém que não tenha semelhança de idade ou de físico.

Assim, o raciocínio analógico não oferece certeza, mas, tão-somente, uma certa dose de probabilidade. Por outro lado, porque exige um salto muito grande, é onde se abre o espaço para a invenção, tanto artística quanto científica. Gutenberg inventa a imprensa a partir da impressão de pegadas deixadas no chão por pés sujos de suco de uva. Fleming inventa a penicilina ao ver que bactérias cultivadas em laboratório morriam em contato com o bolor que se formara por acaso.

Raciocinando analogicamente, supõe que bactérias que causavam doenças ao corpo humano também pudessem ser destruídas por bolor.

Assim, procurando saber como podemos conhecer e o que garante a verdade do conhecimento, percebemos que o homem constrói o seu conhecimento de vários modos, que cada um depende de um tipo de raciocínio diferente e chega a um tipo específico de verdade, ou seja, a verdade mítica, científica, filosófica e artística são bastante diferentes umas das outras.


Conhecimento, pensamento e lógica

Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida.

Assim, a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A aprendizagem da lógica não constitui um fim em si.

Ela só tem sentido enquanto meio de garantir que nosso pensamento proceda corretamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam.

O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Órganon. Ele divide a lógica em: formal e material.

•  Lógica formal — estabelece as regras formais do pensamento, independentemente da matéria sobre a qual pensamos; se seguirmos corretamente essas regras, a conclusão se imporá automaticamente. Em outras palavras, a correção ou incorreção lógica do argumento só depende da relação entre as premissas (evidências) e a conclusão.

• Lógica material — trata da aplicação das operações do pensamento, segundo a matéria ou natureza do objeto a conhecer. Neste caso, a lógica é a própria metodologia de cada ciência. É, portanto, somente no campo da lógica material que se pode falar da verdade: o argumento é verdadeiro quando as premissas são verdadeiras e relacionam-se adequadamente à conclusão.

É sempre bom lembrar que na argumentação de um texto dissertativo este tipo de raciocínio é sempre válido. Para saber mais sobre este assunto, clique aqui.


O raciocínio lógico

Raciocinar ou argumentar é o ato próprio da razão. É um tipo de operação discursiva do pensamento que consiste em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão.

O raciocínio vai de um juízo a outro, passando por vários intermediários. Nesse sentido, podemos dizer que o raciocínio é um conhecimento mediato, isto é, intermediado por vários outros, ao contrário da intuição, que é o conhecimento imediato.

Raciocinamos ou argumentamos quando colocamos juízos ou proposições que contenham evidências em uma ordem tal que necessariamente nos levam a um outro juízo, que se chama conclusão. E por juízo ou proposição entendemos a afirmação ou a negação da identidade representativa de dois conceitos ou termos. Exemplo: o cão é amigo do homem.

Quando nossos raciocínios ou argumentos são incorretos, caímos no que se chama falácia ou sofisma.
Tipos de raciocínio lógico

Podemos raciocinar ou argumentar logicamente de três modos diferentes, fazendo uso da dedução, da indução ou da analogia.

Raciocínio dedutivo

A dedução é um tipo de raciocínio que parte de uma proposição geral (referente a todos os elementos de um conjunto) e conclui outra proposição geral ou particular (referente a parte dos elementos de um conjunto), que se apresenta como necessária, ou seja, que deriva logicamente das premissas.

Exemplos:

Todo metal é dilatado pelo calor.
A prata é um metal.
Logo, a prata é dilatada pelo calor.
Todo brasileiro é sul-americano.
Todo paulista é brasileiro.
Todo paulista é sul-americano.

Aristóteles chamava o raciocínio dedutivo de silogismo e o considerava um modelo de rigor lógico. Entretanto, devemos frisar que a dedução não nos oferece conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta como um caso particular da lei geral. A dedução organiza e especifica o conhecimento que já temos, mas não é geradora de conhecimentos novos. Ela tem como ponto de partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida.

Raciocínio indutivo

A indução é o raciocínio que, após considerar um suficiente número de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte da experiência sensível, dos dados particulares.

Exemplo:

O cobre é condutor de eletricidade,
e a prata, e o ouro, e o ferro, e o zinco...
Logo, todo metal é condutor de
eletricidade.

É importante que a enumeração de dados (que correspondem a tantas experiências feitas) seja suficiente para permitir a passagem do particular para o geral. Entretanto, a indução sempre supõe a probabilidade, isto é, já que tantos se comportam de tal forma, é muito provável que todos se comportem assim.

Em função desse ''salto", há maior possibilidade de erro nos raciocínios indutivos, uma vez que basta encontrarmos uma exceção para invalidar a regra geral. Por outro lado, é esse mesmo ' 'salto'' em direção ao provável que torna possível a descoberta, a proposta de novos modos de compreender o mundo. Por isso, a indução é o tipo de raciocínio mais usado em ciências experimentais.

Outro tipo de raciocínio indutivo bastante utilizado é aquele que se desenvolve a partir do argumento de autoridade, uma vez que utilizar o testemunho de uma pessoa, instituição ou obra para sustentar uma conclusão é um modo válido de apresentar evidência. Nesse caso, a indução é justificada da seguinte forma: esta pessoa já emitiu vários juízos válidos a respeito do assunto em pauta, e podemos concluir que todos os seus juízos sobre o assunto são igualmente válidos. . Quando usamos livros, autores, enciclopédias ou especialistas para fundamentar nosso raciocínio, estamos invocando sua autoridade no assunto e, por isso, é muito importante citar nossas fontes, para que o leitor possa conferir se a ideia citada não foi deturpada.

A autoridade invocada precisa ser honesta, estar informada sobre o assunto considerado, e seu pronunciamento deve estar baseado em evidências objetivas que possam ser comprovadas por outras pessoas competentes. Nesse caso, a autoridade é digna de confiança e seu testemunho é evidência para a conclusão. O argumento será indutivamente correto.

Há, entretanto, muitos empregos incorretos desse tipo de argumento, dando lugar a falácias lógicas (contra a lógica formal) ou a falácias de falsa premissa (contra a lógica material).

•  A autoridade pode ser erroneamente  citada  ou  interpretada.   Por exemplo, quando a afirmação é retirada de seu contexto original e aplicada em outro. Ou quando é feita uma generalização indevida, isto é, algo que é correto para um grupo restrito de elementos é generalizado para toda a espécie.

Neste caso, temos a falácia de falsa premissa.

•  A autoridade é popular mas não tem competência para opinar sobre o assunto. Neste caso, o apelo utilizado é meramente emocional, uma vez que nenhuma evidência lógica é oferecida. Transfere-se o prestígio da autoridade para a conclusão. É um tipo de argumento incorreto frequentemente usado em propaganda.

•  A autoridade, reconhecida por sua contribuição em um determinado campo, opina sobre assuntos que não estão dentro de sua área de competência e, portanto, seu testemunho não é confiável. Tanto o anterior quanto este são exemplos de falácia lógica.

Assim, é preciso que tomemos grande cuidado ao sustentar nossas conclusões sobre o argumento de autoridade, pois a confiabilidade de nossa indução dependerá, em grande parte, da confiabilidade da autoridade utilizada.

Conhecimento, pensamento e linguagem

Como essa relação entre sujeito e objeto, chamada conhecimento, se manifesta?

Todo conhecimento manifesta-se por meio do pensamento. Pensar é articular signos, ou seja, é ligar ou unir as representações em cadeias.

O pensamento é concreto quando se utiliza de imagens visuais, sonoras, olfativas, táteis, cinestésicas ou de paladar. Quando escolhemos as imagens que farão parte de um filme e as montamos numa determinada sequência, quando articulamos as cores sobre uma tela, ou, ainda, quando cantarolamos, procurando os sons adequados para uma composição musical, certamente estamos pensando a partir de uma determinada linguagem e mostrando um conhecimento de mundo. Este tipo de pensamento, chamado não-verbal, está preso ao mundo sensível.

Podemos, também, pensar de forma abstrata, através de ideias e conceitos mais gerais. Neste caso, utilizamo-nos de linguagens como as da matemática, da química, da linguagem verbal, isto é, da própria palavra, que permitem um maior grau de abstração.

Modelo de redação dissertativa para o Enem



Por muito tempo, considerou-se que o pensamento só poderia se efetivar através da linguagem verbal. Kant, filósofo alemão do século XVIII, na Crítica da razão pura, diz: "Pensar é conhecer através de conceitos". Nos Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa vir a ser considerada como ciência, ele vai mais longe: "Pensar é unir as representações na consciência. (...) A união das representações em uma consciência é o juízo. Pensar, portanto, é julgar".

Ao identificar pensamento com formação de conceitos e juízos, Kant liga imediatamente pensamento e linguagem verbal. Vejamos por quê.

A linguagem verbal é um sistema simbólico, isto é, um sistema de signos arbitrários com relação ao objeto que representam e, por isso mesmo, convencionais e dependentes da aceitação social.

Tomando como exemplo a palavra "livro", percebemos que não há nada no objeto entendido como livro que me leve a pronunciar essa palavra. Assim, nosso ato de designar um determinado objeto por um nome (livro) é arbitrário e, para sermos compreendidos, devemos estar amparados por uma convenção, aceita pela comunidade dos falantes de língua portuguesa, que garanta a ligação entre o som "livro" (ou sua forma escrita) e o objeto representado.

O nome, ou a palavra, é o símbolo dos objetos que existem no mundo natural e das entidades abstratas que só existem no nosso pensamento e imaginação. Fixa na nossa memória, enquanto ideia, aquilo que já não está ao alcance dos nossos sentidos, criando um mundo estável de representações que nos permitem falar do passado e fazer projetos para o futuro.

A palavra, portanto, transcende, vai além da situação concreta, do vivido. A palavra já é uma abstração e com ela elaboramos conceitos e emitimos julgamentos.

É bom frisar, no entanto, que as linguagens não-verbais também nos permitem pensar, pois são articuláveis em signos. O tipo de pensamento, porém, é diferente, uma vez que essas linguagens não operam por conceitos nem emitem juízos.

Modos de conhecer o mundo



Há muitos modos de se conhecer o mundo, que dependem da postura do sujeito frente ao objeto de conhecimento: o mito, o senso comum, a ciência, a filosofia e a arte.

Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, desvenda os segredos do mundo, atribuindo-lhe um sentido.

O mito proporciona um conhecimento que é mágico porque ainda vem permeado pelo desejo de atrair o bem e afastar o mal, dando segurança e conforto ao homem.
O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo resultante da herança do grupo a que pertencemos e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas.

A ciência, procurando descobrir o funcionamento da natureza através, principalmente, das relações de causa e efeito, busca o conhecimento objetivo (isto é, fundado sobre as características do objeto, com interferência mínima do sujeito), lógico, através de métodos desenvolvidos para manter a coerência interna de suas afirmações. A aplicação da ciência resulta no conhecimento tecnológico.

A filosofia, por sua vez, propõe-se oferecer um tipo de conhecimento que busca, com todo o rigor, a origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana, numa abordagem globalizante.

Já o conhecimento proporcionado pela arte nos dá não o conhecimento de um objeto, mas de um mundo, interpretado pela sensibilidade do artista e traduzido numa obra individual que, pelas suas qualidades estéticas, recupera o vivido e nos reaproxima do concreto.

Estes modos de conhecimento serão tratados individualmente nos capítulos que compõem esta Unidade e na Unidade V, Estética.

O que é o conhecimento


Ontem à noite, já em minha cama, de luz apagada, sentindo aquele agradável relaxamento que antecede o sono, entregue a devaneios, quase sonhos, fui violentamente trazida de volta à realidade por estranho ruído.
Seria uma porta batendo? Alguém teria entrado em minha casa?
Algo que caíra lá fora?
O salto de um gato descuidado?
Ou será que minha imaginação teria pregado uma peça em meus sentidos quase adormecidos?
O ruído teria sido real ou imaginado?
"Como saber?" ou "como conhecer?" é uma das perguntas fundamentais que vêm perseguindo o ser humano desde que o homem é homem. As respostas têm sido as mais variadas, dependendo da cultura, do período histórico, do próprio saber acumulado, do aparato tecnológico etc.
Hoje conhecemos o aspecto das crateras lunares porque temos acesso a várias informações, inclusive às imagens transmitidas pelos satélites. Na Grécia antiga, algumas pessoas consultavam o Oráculo de Delfos quando tinham algum problema grave. Os egípcios liam seu destino nas entranhas de pássaros e outros animais. No mundo contemporâneo, há os que jogam búzios, recorrem às cartomantes ou ao Taro. Há os que leem livros e fazem pesquisas.
Como saber qual desses conhecimentos é verdadeiro? Sempre que nos indagamos a respeito do conhecimento estamos, automaticamente, tratando do problema da verdade. A história da busca do conhecimento é a própria história da busca da verdade.


O conhecimento - fundamentos para a redação


Dá-se o nome de conhecimento à relação que se estabelece entre um sujeito cognoscente (ou uma consciência) e um objeto. Assim, todo conhecimento pressupõe dois elementos: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido, que se apresentam frente a frente, dentro de uma relação. Isso equivale a dizer que o conhecimento é o ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com ele, estabelece uma ligação. Por outro lado, o mundo é o que torna possível o conhecimento ao se oferecer a um sujeito apto a conhecê-lo. Só há saber para o sujeito cognoscente se houver um mundo a conhecer, mundo este do qual ele é parte, uma vez que o próprio sujeito pode ser objeto de conhecimento.

Por extensão, dá-se também o nome de conhecimento ao saber acumulado pelo homem através das gerações. Nessa acepção, estamos tratando o conhecimento como produto da relação sujeito-objeto, produto que pode ser empregado e transmitido.

O conhecimento pode ser concreto, quando o sujeito estabelece uma relação com um objeto individual. Por exemplo, o conhecimento que temos de um amigo determinado, com todas as suas características individuais. E pode ser abstrato, quando estabelece uma relação com um objeto geral, universal. Por exemplo, o conhecimento que temos de homem, como género.

No processo de abstração, o conceito torna-se mais extenso à medida que o conteúdo intuível (imediato) se torna mais pobre. O conceito de homem,
por exemplo, é muito mais extenso que o conceito de amigo, porque o primeiro recobre todo o género humano, incluindo homens e mulheres, jovens e velhos, amigos ou não. Além disso, o conteúdo passível de ser apreendido pela intuição sensível (conhecimento di-reto pelos sentidos) esvazia-se, uma vez que o conceito de homem "não tem cara, nem sexo, nem idade, nem cor, nem características de personalidade" definidas.

Assim, se de um lado o conhecimento abstrato nos ajuda a organizar e compreender um número imenso de acontecimentos, por outro ele nos afasta da realidade concreta. O verdadeiro conhecimento se dá dentro do processo dialético de ida e vinda do concreto para o abstrato, processo esse que jamais tem fim e que vai revelando o mundo humano na sua riqueza e diversidade.

Devemos, ainda, ressaltar que a relação de conhecimento implica uma transformação tanto do sujeito quanto do objeto. O sujeito se transforma mediante o novo saber, e o objeto também se transforma, pois o conhecimento lhe dá sentido.